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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Das Homilias sobre Mateus, de São João Crisóstomo, bispo

 

(Hom. 65,2-4:PG58,619-622)

(Séc.IV)

Participantes da paixão de Cristo


Os filhos de Zebedeu pedem a Cristo: Deixa-nos sentar um à tua direita e outro, à tua esquerda (Mc 10,37). Que resposta lhes dá o Senhor? Para mostrar que no seu pedido nada havia de espiritual, e se soubessem o que pediam não teriam ousado fazê-lo, diz:

Não sabeis o que estais pedindo (Mt 20,22), isto é, não sabeis como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que pedis. Depois acrescenta: Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? (Mt 20,22). É como se lhes dissesse: “Vós me falais de honras e de coroas; eu, porém, de combates e de suores. Não é este o tempo das recompensas, nem é agora que minha glória há de se manifestar. Mas a vida presente é de morte violenta, de guerra e de perigos”.

Reparai como o Senhor os atrai e exorta, pelo modo de interrogar. Não perguntou: “Podeis suportar os suplícios? podeis derramar vosso sangue? Mas indagou: Por acaso podeis beber o cálice? E para os estimular, ainda acrescentou: que eu vou beber? Assim falava para que, em união com ele, se tornassem mais decididos. Chama sua paixão de batismo, para dar a entender que os sofrimentos haviam de trazer uma grande purificação para o mundo inteiro. Então os dois discípulos lhe disseram: Podemos (Mt 20,22). Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem perceber o alcance do que

dizem, mas com a esperança de obter o que pediam.

Que afirma o Senhor? De fato, vós bebereis do meu cálice (Mt 20,23), e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado (Mc 10,39). Grandes são os bens que lhes anuncia, a saber: “Sereis dignos de receber o martírio e sofrereis comigo; terminareis a vida com morte violenta e assim participareis da minha paixão”. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou (Mt 20,23). Somente depois de lhes ter levantado os ânimos e de tê-los tornado capazes de superar a tristeza é
que corrigiu o pedido que fizeram.

Então os outros dez discípulos ficaram irritados contra os dois irmãos (Mt 20,24). Vedes como todos eles eram imperfeitos, tanto os que tentavam ficar acima dos outros, como os dez que tinham inveja dos dois? Mas, como já tive ocasião de dizer, observai-os mais tarde e vereis como estão livres de todos esses sentimentos. Prestai atenção como o mesmo apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro lugar a Pedro, quer para usar da palavra, quer para fazer milagres, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos. Tiago, porém, não viveu muito mais tempo. Desde o princípio, pondo de parte toda aspiração humana, elevou-se a tão grande santidade que bem depressa recebeu a coroa do martírio.


terça-feira, 24 de julho de 2012

PATRÍSTICA - SABEDORIA DOS PAIS DA IGREJA



Segunda leitura

Da Carta aos Magnésios, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir
Inácio foi bispo de Antioquia da Síria entre 68 e 100 ou 107, discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia fundada pelo próprio apóstolo. Segundo Eusébio de Cesaréia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade. Santo Inácio foi detido pelas autoridades e transportado para Roma, onde foi condenado à morte no Coliseu, e foi martirizado por leõe.
(Nn.10,1-15:Funk1,199-202)

(Séc.I)

Tendes Cristo em vós

Longe de nós a indiferença ante a benignidade de Cristo. Se agisse conosco da maneira como fazemos, estaríamos perdidos. Por isto, feitos seus discípulos, aprendamos a viver de acordo com o cristianismo. Quem se faz chamar por nome diferente, não é de Deus.



Rejeitai, pois, o mau fermento, velho e azedo, e mudai-vos com a força do novo fermento, que é Jesus Cristo. Salgai-vos nele para que nenhum de vós se corrompa, porque pelo cheiro seríeis descobertos. É absurdo confessar a Cristo Jesus e judaizar, porque, de fato, o cristianismo não creu no judaísmo, mas o judaísmo no cristianismo, no qual estão reunidos todos quantos crêem em Deus.



Se vos escrevo deste modo, caríssimos meus, não é porque saiba haver alguns de vós com estes sentimentos. Porém, como o menor de todos, desejo-vos precavidos a fim de não cairdes no anzol da vã doutrina. Ficai plenamente certos do nascimento, e da paixão e ressurreição acontecidos durante a procuradoria de Pôncio Pilatos. Tudo isto foi verdadeiramente vivido por Jesus Cristo nossa esperança. Ninguém se afaste jamais desta esperança.



Goze eu de vossa companhia, se for digno. Embora em cadeias, não posso comparar-me com nenhum de vós, que não estais presos. Sei que não vos orgulhais, pois tendes Jesus Cristo em vós. Ora, além disto, sei que o rubor vos sobe ao rosto quando vos elogio, como está escrito: O justo acusa-se a si mesmo.



Esforçai-vos por ficar firmes na doutrina do Senhor e dos apóstolos, para que tudo quanto fizerdes tenha bom êxito na carne e no espírito, pela fé e pela caridade, no Filho e no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, com vosso digno bispo e a bem entretecida coroa espiritual de vosso presbitério, juntamente com os diáconos, agradáveis a Deus.



Sede submissos ao bispo e uns aos outros como, em sua humanidade, Jesus Cristo ao Pai, e os apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito, para que a união seja corporal e espiritual.



Por vos saber cheios de Deus, exortei-vos com brevidade. Lembrai-vos de mim em vossas orações, para que consiga alcançar a Deus. Lembrai-vos também da Igreja que está na Síria, na qual não sou digno de ser contado. Necessito de vossa unida oração e caridade em Deus. Que a Igreja, que está na Síria, mereça ser orvalhada pela vossa Igreja!



Saúdam-vos em Esmirna, donde vos escrevo, os efésios que aqui se acham presentes para a glória de Deus, como também vós que, juntamente com Policarpo, o bispo de Esmirna, me assististes em tudo. As outras Igrejas, em honra de Jesus Cristo, vos saúdam. Adeus, unidos em Deus, possuidores do inseparável espírito, que é Jesus Cristo.