SÃO MATEUS, APÓSTOLO E EVANGELISTA
Festa
Nasceu em Cafarnaum, e exercia a profissão de cobrador de impostos quando Jesus o chamou. Escreveu o Evangelho em língua hebraica e, segundo uma tradição, pregou no Oriente.
Das Homilias de São Beda
Venerável, presbítero
(Hom. 21:CCL,
122,149-151)
(Séc.VI)
Jesus
viu-o, compadeceu-se dele e o chamou
Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à
banca de impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt 9,9). Viu-o não tanto com os olhos corporais quanto com a vista da íntima
compaixão. Viu o publicano, dele se compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então:
Segue-me. Segue, quis dizer, imita; segue, quis
dizer, não tanto pelo andar dos pés, quanto pela realização dos atos.
Pois quem diz que permanece em Cristo, deve andar como ele andou (1Jo 2,6).
E levantando-se, o seguiu (Mt 9,9). Não é de admirar que o publicano, ao primeiro chamado do
Senhor, tenha abandonado os lucros terrenos de que cuidava e, desprezando a opulência,
aderisse aos seguidores daquele que via não possuir riqueza alguma. Pois o próprio
Senhor que o chamara exteriormente com a palavra, interiormente lhe ensinou por instinto
invisível a segui-lo, infundindo em seu espírito a luz da graça espiritual.
Com esta compreenderia que quem o afastava dos
tesouros temporais podia dar-lhe nos céus os tesouros incorruptíveis.
E aconteceu que, estando ele em casa, muitos
publicanos e pecadores vieram e puseram-se à
mesa com Jesus e seus discípulos (Mt 9,10).
A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores o exemplo da penitência e
do perdão.
Belo e verdadeiro prenúncio! Aquele que seria
apóstolo e doutor dos povos, logo no primeiro encontro arrasta após si
para a salvação um grupo de pecadores. Assim inicia o ofício de
evangelizar desde os primeiros começos de sua fé aquele que viria a realizar este ofício
plenamente com o merecido progresso das virtudes. Contudo se quisermos indagar pelo
sentido mais profundo deste acontecimento nós o entenderemos: a Mateus foi muito
mais grato o banquete na casa do seu coração, preparado pela fé e pelo amor do que o
banquete terreno que ele ofereceu ao Senhor. Atesta-o aquele mesmo que diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta,
entrarei e cearei com ele e ele comigo (Ap 3,20).
Ouvindo a sua voz, abrimos a porta para recebê-lo,
ao aceitarmos de bom grado suas advertências secretas ou evidentes e nos pormos a
realizar aquilo que compreendemos como o nosso dever. Ele entra
para que ceemos, ele conosco e nós com ele, porque, pela graça de seu
amor, habita nos corações dos eleitos para alimentá-los sempre com a luz de sua
presença. Possam assim os eleitos cada vez mais progredir no desejo do alto, e ele mesmo se
alimente com os desejos deles como com pratos deliciosos.
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